Os crimes cibernéticos (também conhecidos como crimes virtuais), tem se tornado comum na sociedade atual, onde as relações virtuais tem tomado conta das relações interpessoais. Entre os casos frequentes e preocupantes está a exposição de imagens íntimas na internet.
No município de Monsenhor Tabosa, interior do Ceará, esse tipo de caso tem sido recorrente nos últimos anos. O ultimo caso aconteceu na segunda-feira, dia 21 de agosto, quando a jovem Claudiana M. Oliveira, de 19 anos, teve fotos e vídeos íntimos com o namorado, vazados nas redes sociais e amplamente compartilhados.
O caso foi denunciado pela vítima na Unidade de Polícia Civil, juntamente com o namorado de 20 anos que prefere não ser citado.
Claudiana aceitou conversar com a reportagem do Site Página Aberta e se posicionar sobre o caso em uma entrevista, onde conta como as imagens foram parar na internet e como está enfrentando essa situação. Ela também diz que almeja justiça e alerta outras pessoas para que não se tornem vítimas desse tipo de crime.
Entrevista
PÁGINA ABERTA: O que você pensa desse caso, ter fotos íntimas vazadas nas redes sociais?
Claudiana: Eu fiz uma live no meu Instagram, no dia seguinte em que os meus arquivos íntimos foram divulgados, onde falei um pouco a respeito do ocorrido. Em nenhum momento eu quis me expor dessa tal forma, era uma coisa íntima, eu fiquei muito triste, mas me mantive forte.
PÁGINA ABERTA: Como você encara o fato de saber que essas imagens foram publicadas sem seu consentimento nas redes sociais e circularam amplamente?
Claudiana: Eu jamais vou baixar a cabeça. No mundo em que vivemos é normal ser julgada. Isso acontece todos os dias, não só com uma, mas com várias mulheres e homens. Eu não imaginava que um dia seria a próxima vítima, encaro como uma provação na minha vida, essas humilhações me farão mais forte.
PÁGINA ABERTA: Esses vídeos e fotos você fez espontaneamente? (foi conivente)?
Claudiana: Sim, eu sabia, mas era uma coisa íntima entre eu e meu namorado, é muito normal entre casais.
PÁGINA ABERTA: Em que tipo de mídia esse material (fotos/vídeos) estava armazenado?
Claudiana: Foi em um pen drive íntimo.
PÁGINA ABERTA: Você sabia que esse conteúdo estava guardado?
Claudiana: Sim, sabia que estava no pen drive.
PÁGINA ABERTA: Essa mídia foi vendida ou furtada? Seu namorado também foi vítima?
Claudiana: Meu namorado ia apagar os arquivos porque eu pedi, ele estava dando carona a um amigo e deixou cair o objeto, esse amigo dele encontrou o pen drive e vendeu para outro homem, no dia seguinte esse mesmo homem veio falar com meu namorado, avisando que estava com o pen drive, porém, alegou jurando não ter salvo nada dos meus arquivos. E que se meu namorado desse R$ 15 reais ele devolveria o pen driver. Sim, meu namorado também é vítima.
PÁGINA ABERTA: Você fez Boletim de Ocorrência (BO) do caso! Tem intensão de impetrar alguma reparação de dano?
Claudiana: Fiz o boletim sim, e quero meus direitos. Todas as pessoas que são injustiçadas merecem no mínimo ter os seus direitos.
PÁGINA ABERTA: Após esse caso, você chegou a ser alvo de difamação, comentários pejorativos, ofensivos? Algo do tipo?
Claudiana: Sim, até de pessoas da minha própria família. Muitas pessoas são ignorantes e ao invés de estudar os fatos, julgam de cara, antes mesmo de saber como foi. Não fui só chamada de vulgar, mas de coisas piores.
PÁGINA ABERTA: Você chegou a receber nas redes sociais ou pessoalmente alguma manifestação de solidariedade?
Claudiana: Felizmente tive mais gente junto a mim do que contra mim. Muitas palavras de apoio, muita demonstração de humanidade.
PÁGINA ABERTA: Como que sua família está lidando com isso, eles tem estado ao seu lado?
Claudiana: Minha família é abençoada, me apoiou, estiveram comigo a todo momento, pois sabem do meu caráter.
PÁGINA ABERTA: Como as pessoas estão reagindo, percebeu alguma mudança de comportamento das pessoas em relação a você?
Claudiana: Para falar a verdade eu nem sei bem, eu não me importo com o que as pessoas pensam ao meu respeito. O que vale é o que eu penso sobre mim. Cada um tem que fazer sua parte na vida, eu vivo a minha. Mas a maioria não mudou comigo.
PÁGINA ABERTA: Você acha que isso pode afetar sua vida futuramente, se sim, de que forma?
Claudiana: Não, jamais! Qual o ser humano que não tem suas intimidades? Isso não me fez menos que ninguém, eu não me envergonho, quem tem que se envergonhar é quem cometeu o crime e ajudou a divulgá-lo. Porque se você divulga sem a permissão você está cometendo um crime, e se você ajuda a divulgar você também está cometendo esse crime, de acordo com a Lei Carolina Dieckmann 12.737
PÁGINA ABERTA: Que dica ou conselho você daria para quem pretende fazer fotos/vídeos intimas?
Claudiana: Eu dou o seguinte conselho. Quer mandar “nudes”? Mande pra quem você quiser, afinal o corpo é seu, porém muito cuidado! Hoje em dia é perigoso. Mas caso aconteça o mesmo que aconteceu comigo, e se for sem seu consentimento, denuncie! Mesmo que o opressor venha te pedir perdão. Se isso acontecer perdoe com o coração, mas faça sua justiça, pois se você fizer justiça vai evitar que ele possa fazer com você novamente a mesma coisa ou com outras pessoas. E nunca baixe a cabeça, você é um ser humano lindo e não deve fraquejar, cair uma vez, levantar sete ou quantas vezes for necessário.
Repórter Dorismar Rodrigues
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