Cerca de 250 indígenas, pertencentes a 4 etnias, passaram o dia de hoje (19) na Aldeia Jacinto, na zona rural do município Monsenhor Tabosa (CE), em um evento que comemora no Brasil, o Dia dos Povos Indígenas, instituído em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas. Esse ano, o encontro reuniu pela primeira vez todas às quatro etnias existentes no município: Potyguara, Tabajara, Gavião e Tubiba Tapuia.

Teka Potiguara, Luiza Tabajara, Arnaldo Gavião e Anita Tapuia, explicaram que o objetivo do encontro além de comemorar a data é mostrar a luta, a cultura rica, e viva, dos povos indígenas.

O evento foi aberto às 9h com café da manhã, com apresentação e vivencia das danças indígenas (Toré e Manero Pau). Durante o encontro houve discursos proferidos por lideranças indígenas, almoço comunitário e o ritual do batismo, onde os padrinhos representando os elementos da natureza e a comunidade se responsabilizam pela criança.

Os indígenas se reuniram não apenas para festejar, mas também para relembrar o passado e discutir o presente dentro do contexto político/social, problematizando a questão indígena no Brasil.

Sebastião Messias, uma das lideranças da etnia Tabajara, lembra que todo dia é dia do indígena (que são os nativos pertencentes à Terra). “A luta pela terra fala da identidade indígena, entretanto, os poderosos têm criado estratégias para escravizar o povo, diante disso é necessário refletir e, acima de tudo, resistir”.

A grande liderança indígena, Teka Potiguara, resumiu o encontro dizendo: “foi um momento muito especial, formidável … no próximo ano será na Aldeia dos Tabajaras.” “Quem gosta de nós somos nós”, concluiu.

Lidiany Tributino, psicóloga e doutoranda em saúde coletiva pela Universidade Estadual do Ceará – UECE – esteve no evento como convidada especial. Para Lidiany o evento foi encantador. “Além de ser um momento para festejar é também um espaço de potencial afetivo, de poder lutar, e importante para fortalecer aspectos da cultura, além de análise da conjuntura política social, incluindo o debate sobre a demarcação das terras”.

Também marcou presença na comemoração a Assistente Social do município de Monsenhor Tabosa, Suely Holanda. “Foi uma satisfação estar dentro deste momento que traz toda essa reflexão, fico feliz por ver que Monsenhor Tabosa está caminhando com esse movimento, buscando fazer um caminho de volta. Um movimento deste mostra a possibilidade de se fazer um caminho de volta, a questão indígena é mais que uma questão de demarcação de terras, é também uma luta para garantia de previdência social, de saúde pública, bem como, direito às expressões culturais…!!”

Reportagem: Dorismar Rodrigues / Página Aberta