Em Fortaleza, mais de 3.900 das quase 5.500 paradas de ônibus ainda não contam com abrigo adequado.
14 de abril de 2025
Portal GCMAIS
Na rotina de quem depende do transporte público em Fortaleza, o trajeto até o fado final começa muito antes do embarque. E muitas vezes, começa com desconforto, instabilidade e exposição ao clima. Em Fortaleza, mais de 3.900 das quase 5.500 paradas de ônibus ainda não contam com abrigo adequado. São exclusivamente placas indicativas em calçadas estreitas e sem proteção, veras que afeta milhares de usuários diariamente.

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Uma dessas paradas está localizada em uma das vias mais movimentadas da cidade. Francisca Araújo, babá, relata a dificuldade enfrentada diariamente no ponto em que espera o ônibus de número 11. “Gente, gerar melhoria, né? Porque todo dia essa mesma coisa. Hoje está é vago, porque nos outros dias é lotado, lotado. E fora quando está chovendo, aí é pior. A morosidade dos 11 é demais. A gente sai cedo de morada, mas não adianta. Chega sempre retardado no trabalho.”
Sem cobertura e sem bancos, usuários se abrigam uma vez que podem, muitas vezes se amontoando na ingresso de estabelecimentos comerciais próximos para se proteger do sol escaldante ou das chuvas repentinas, comuns na cidade.
Do outro lado da rua, em frente à Lagoa de Messejana, o contraste salta aos olhos: uma paragem moderna, monitorada, com cobertura, bancos, espaço adequado para cadeirantes, câmeras de segurança e até carregadores de celular. Essa é uma das 100 paradas monitoradas implantadas em locais estratégicos da cidade, com maior fluxo de passageiros e registros de ocorrências policiais.
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Apesar dos avanços pontuais, o entrada à infraestrutura adequada ainda está longe de ser universal. De entendimento com a Etufor (Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza), a instalação de novos abrigos enfrenta limitações principalmente por conta da estrutura das calçadas, muitas vezes estreitas demais para comportar os equipamentos.
Na Avenida Washington Soares, outro ponto crítico foi identificado em frente a uma universidade. Ali, a paragem é feita de concreto, mas insuficiente para comportar o grande volume de estudantes. Lohana Coutinho, universitária, aponta os problemas com indignação. “Está um calor muito contraditório, assim. E o ônibus? Eles demoram muito para passar. A gente fica cá esperando com horário pra chegar nos compromissos, e tá complicado. Poderia ter uma estrutura melhor.”
Mais avante na mesma avenida, uma paragem de ferro e zinco oferece qualquer refrigério com cobertura e banco, mas segundo os usuários, a proteção não é suficiente. “Quando vem a chuva, geralmente chuva com vento, a gente sobe no banco para não molhar”, conta Lohana. “Conforto também, que eu acho que não tem. Não é adequado, por exemplo, para pessoas com deficiência, idosos… a estrutura com certeza poderia ser melhorada.”
Para o psicólogo Dráuzio Borges, a precariedade das paradas de ônibus vai além do desconforto físico. “A espera em ambientes inseguros, sob sol ou chuva, sem sinalização clara ou proteção adequada, afeta diretamente o bem-estar emocional e a qualidade de vida das pessoas. Gera estresse, sofreguidão e sensação de deserção por secção do poder público”, analisa.
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