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A taxa Selic, principal utensílio do Banco Medial (BC) para o controle da inflação, pode atingir 15% em 2025, segundo projeções do mercado. Esse aumento já está sendo precificado e tem impactos diretos no crédito, no câmbio e, principalmente, na rentabilidade dos investimentos.
Por que os juros no Brasil são tão altos? O que leva o Banco Medial a manter a Selic elevada por tanto tempo? E, mais importante, porquê proteger seu patrimônio e continuar investindo nesse cenário?
Entender essas questões é muito importante para que você siga rentabilizando seus investimentos de forma estratégica, sem permanecer refém dos ciclos de mercado.
Por que a Selic no Brasil é tão subida?
O Brasil convive com taxas de juros elevadas há décadas, mas existem razões estruturais que explicam essa verdade. Entre os principais fatores estão:
Inércia inflacionária: o ciclo vicioso da inflação
Existe no Brasil um problema que pode ser considerado crônico e que os economistas chamam de inércia inflacionária. Isso ocorre porque muitos contratos são reajustados involuntariamente com base na inflação passada, Planos de saúde, aluguéis, tarifas públicas de virilidade, transporte e chuva, aposentadorias do INSS e outros benefícios sociais.
Com isso, mesmo sem novas pressões inflacionárias, esses reajustes perpetuam a subida de preços. Para sofrear esse ciclo, o Banco Medial precisa de juros elevados para frear o consumo e segurar a inflação futura.
Uma provável (e difícil) solução seria reduzir a indexação automática de preços, porquê já ocorre nos EUA e na Europa.
O estabilidade fiscal e a política monetária
As decisões fiscais do governo afetam diretamente a política monetária. Segundo dados do Tesouro Vernáculo, a dívida bruta do governo universal alcançou 77,4% do Resultado Interno Bruto (PIB) em janeiro de 2025, um patamar considerado ressaltado para países emergentes.
Quando há desequilíbrio fiscal, com gastos públicos crescendo mais rapidamente que a arrecadação, o Banco Medial tende a manter os juros elevados para indemnizar os efeitos inflacionários. De conciliação com um estudo do Banco Medial de 2023, cada 1 ponto percentual de deterioração do resultado primitivo pode levar a um aumento de até 0,5 ponto percentual na taxa Selic.
O papel do cenário global na subida da Selic
As decisões do Banco Medial não acontecem isoladamente. O contexto internacional também influencia a Selic, principalmente fatores porquê:
Os juros nos EUA
O Federalista Reserve (FED), o banco médio americano, manteve suas taxas elevadas para controlar a inflação, o que reduz o fluxo de capital para países emergentes porquê o Brasil
A guerra mercantil e as tarifas dos EUA
Políticas protecionistas podem gerar inflação global e impactar a economia brasileira;
O desenvolvimento da China
Uma vez que principal parceira mercantil do Brasil, e grande consumidora de nossas commodities, um incentivo ou desaceleração na economia chinesa influencia diretamente o nível das exportações de commodities, impactando o mercado brasílico.
Esses elementos são monitorados pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que usa essas variáveis para calibrar suas decisões de política monetária.
Interesses do mercado financeiro versus dívida pública
A economia brasileira é altamente dependente do setor financeiro, e alguns setores lucram diretamente com a Selic subida.
Muro de 80% dos detentores da dívida pública brasileira estão no setor financeiro, incluindo bancos, fundos de investimento e seguradoras. Assim, porquê grande secção da dívida pública é atrelada à Selic, um ciclo vicioso se forma: juros altos aumentam o dispêndio da dívida, exigindo mais emissão de títulos públicos para resguardar os gastos do governo.
Reduzir a emissão de títulos pós-fixados (atrelados à Selic) e estimular títulos prefixados, pode ser um caminho para reduzir o impacto dos juros altos na dívida pública.
Cenário fiscal e a popularidade do governo
Outro fator relevante para a manutenção dos juros elevados é a situação fiscal do país. O governo tende a aumentar gastos nos últimos anos de procuração para restaurar popularidade – o que pode pressionar a inflação.
Medidas populistas, porquê isenções fiscais e aumento de benefícios sociais, aumentam a dívida pública e afetam a política monetária. Com isso, o mercado já projeta uma provável mudança de governo em 2026, o que pode influenciar as expectativas econômicas e a movimentação dos investidores.
Mudar essa sujeição de juros altos para sofrear a inflação passa necessariamente por alguma coisa que o governo tem mostrado dificuldade em realizar: maior controle fiscal e viabilização de políticas que incentivem a produtividade.
Impactos da Selic na economia
A elevação da taxa Selic gera consequências significativas para a economia e os investimentos:
- Crédito e consumo: quando a Selic sobe, todo o crédito fica mais custoso. Segundo a Associação Vernáculo dos Executivos de Finanças (Anefac), um aumento de 1 ponto percentual na Selic pode solevar as taxas médias de juros ao consumidor em até 1,5 ponto, afetando financiamentos imobiliários, empréstimos pessoais e capital de giro para empresas.
- Prolongamento econômico: estudos do Banco Medial indicam que um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic pode reduzir o desenvolvimento do PIB em até 0,3 ponto percentual ao longo de 12 meses. Setores dependentes de crédito, porquê construção social e varejo, são particularmente afetados.
- Dispêndio da dívida pública: segundo cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão do Senado Federalista, para cada ponto percentual de aumento na Selic, o dispêndio anual da dívida pública aumenta em aproximadamente R$ 40 bilhões. Isso pode comprometer investimentos públicos em áreas essenciais.Uma vez que investir com a Selic em subida?
Renda fixa: estratégias e riscos
Com a Selic elevada, a renda fixa oferece oportunidades atrativas, com retornos potenciais supra da inflação. Porém, cada opção apresenta características e riscos específicos:
- Tesouro Selic (ideal para suplente de emergência)
Vantagens: Liquidez diária, baixa volatilidade
Riscos: Rendimento restringido ao CDI, provável perda de oportunidade em ativos mais rentáveis
Vantagens: Podem oferecer rentabilidade supra de 100% do CDI
Riscos: Alguns títulos têm carência, limite de cobertura do FGC de R$ 250 milénio por CPF/instituição
- Tesouro Prefixado e IPCA+
Vantagens: Possibilidade de fixar taxas altas por longos períodos
Riscos: Subida volatilidade em caso de venda antecipada, principalmente se houver mudança na perspectiva da Selic
Ações e FIIs: risco ou oportunidade?
A meu ver, temos as duas coisas. A Selic elevada prejudica o mercado de ações, pois encarece o crédito e reduz o consumo e setores porquê varejo e construção social, por exemplo, sofrem mais.
Por outro lado, exportadoras e empresas de commodities que são muito menos dependentes do mercado interno, podem se beneficiar da subida do dólar. E além dessas, outro setor que se beneficia com Selic em subida é o bancário, já que há significativo aumento do spread em suas operações.
Os FIIs, conforme suas características, reagem de maneiras diferentes ao ciclo de subida: os fundos de papel atrelados à Selic se beneficiam e pagam dividendos mais altos, enquanto os fundos de tijolo podem tolerar com menor demanda por aluguéis. Dessa forma, o mais interessante dentro do atual cenário é priorizar FIIs de papel e permanecer vigilante a oportunidades em FIIs de tijolo descontados.
Nesse contexto, calcular sua estratégia para entender se ativos de qualidade, hoje sub precificados, cabem em sua carteira, é alguma coisa importante a fazer. Aliás, para investidores mais experientes, existem estratégias adicionais para proteger o portfólio, porquê o uso de opções de venda (puts) para proteger carteiras de ações.
É o momento para fazer proteção cambial?
Em cenários de incerteza doméstica, a exposição ao mercado internacional pode oferecer proteção. Dados históricos mostram que, nos últimos 20 anos, períodos de subida da Selic frequentemente coincidiram com desvalorização do real frente ao dólar.
Considero, portanto, interessante que você avalie se expor a Exchange Traded Funds (ETFs) que replicam índices globais, Brazilian Depositary Receipts (BDRs) de empresas internacionais ou fundos com exposição a mercados estrangeiros.
Mas vale lembrar que essa exposição precisa levar em conta seu perfil de risco e objetivos traçados para médio e longo prazo. A meu ver, um bom prelúdios seria pensar em 5% da carteira e, conforme suas metas, ir ampliando gradativamente, até o limite entre 25% e 30%.
Diversificação continua sendo estratégica
Independentemente do cenário de juros, a diversificação continua sendo sua maior aliada para proteção patrimonial. Estudo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) demonstra que carteiras muito diversificadas apresentaram volatilidade até 40% menor nos últimos ciclos de subida da Selic.
Sendo assim, se manter atualizado quanto ao cenário macroeconômico e buscar conhecimento sobre investimentos evitará que você venda ativos com base no pânico dos mercados. Com planejamento e estabilidade, é provável proteger seu patrimônio e continuar crescendo financeiramente, independentemente dos juros altos.
No meu meato do Youtube eu fiz uma live falando sobre o resultado da reunião do Copom e os efeitos da novidade taxa Selic em 14,25%, divulgada nesta quarta, 19. Terei prazer em responder suas dúvidas lá nos comentários do vídeo!
Eduardo Mira é investidor profissional, comentador CNPI, pós-graduado em pedagogia empresarial, coordenador do MBA em Planejamento Financeiro e Estudo de Investimentos da Anhanguera Educacional, sócio do Clube FII e sócio fundador da holding financeira MR4 Participações.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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