Os juros básicos do Brasil devem chegar a 14,25% nesta quarta-feira (19), nível que a Selic foi mantida anteriormente no pausa de julho de 2015 a agosto de 2016.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Médio (BC) inicia sua reunião de dois dias para debater a taxa de juros nesta terça-feira (18).
A expectativa do mercado é de que o colegiado cumpra com o guidance sinalizado já em dezembro de subir a Selic em um ponto percentual. Hoje, a taxa se encontra em 13,25% ao ano, posteriormente elevação da mesma magnitude na primeira reunião deste ano.
Desse modo, não são esperadas grandes surpresas por segmento da decisão em si. Mas os olhos dos investidores vão recair sobre o expedido desta reunião.
“Será importante observar a informação do Copom e eventuais sinalizações para as decisões futuras”, destacou o Bradesco em relatório.
Depois março, o BC havia deixado o futuro em aberto, colocando suas próximas decisões de política monetária sob responsabilidade dos dados vindouros sobre o cenário econômico.
A pesquisa pré-Copom do BTG Pactual aponta para uma subdivisão do mercado quanto à postura que deveria ser adotada pela mando monetária.
Tapume de 38% dos respondentes defendem que o Copom deveria manter a porta ocasião e exprimir um expedido “sem indicação explícita para a próxima reunião (…)”.
Uma parcela ligeiramente menor diz que tom deveria ser “indicando que o Copom antevê uma vez que mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros na próxima reunião”.
Quanto aos fatores que o BC tem observado de perto, os entrevistados veem uma piora no cenário internacional e na atividade econômica da reunião de janeiro para esta. Já sobre o cenário fiscal e as expectativas para inflação não foram observadas mudanças relevantes no período.
Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, “o cenário econômico [como um todo] está levemente melhor do que na reunião de janeiro”.
“Acreditamos que o Comitê deve manter uma postura firme e cautelosa, com um expedido em tom duro, assim uma vez que nos últimos encontros, devido às incertezas e aos desafios ainda presentes”, concluiu Sung.
Inflação resiliente
Vestuário é que os preços seguem aquecidos no país, mesmo com o patamar restritivo da polític monetária.
O Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Vasto (IPCA), que mede a inflação solene no país, acelerou a 1,31% em fevereiro, no maior progresso para o mês desde 2003, segundo a série histórica do Instituto Brasílico de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos últimos doze meses, a taxa ficou em 5,06%, supra dos 4,56% registrados nos 12 meses até janeiro.
O UBS vê o cenário com um tom mais duro, apostando em uma renovação na subida de um ponto para a reunião de maio.
“Se o comitê optar por desacelerar o ritmo em sua reunião de maio, acreditamos que o mercado perceberia o Banco Médio uma vez que mais leniente em relação à inflação, o que poderia descarrilar ainda mais as expectativas e levar a taxas nominais e reais mais altas”, apontou o banco em relatório.
Por outro lado, a Suno Research vê boas notícias ao olhar a fundo para o oferecido de fevereiro.
“Depois meses de dados qualitativos desfavoráveis, alguns números vieram mais benignos, principalmente para os grupos mais monitorados pelo Banco Médio. O índice de disseminação, que mede a disseminação da inflação na economia, recuou pelo segundo mês seguido”, pontuou Gustavo Sung.
“Outro ponto positivo foi a desaceleração do ritmo de subida dos preços na passagem de janeiro para fevereiro de serviços subjacentes, serviços intensivos em mão de obra e média dos núcleos – refletindo, possivelmente, o cenário de desaceleração da atividade econômica -, além de bens industriais.”
Ainda assim, o economista reforçou que, apesar do notório conforto em fevereiro, muitos índices ainda permanecem muito supra do limite superior de 4,5% meta de inflação e que a inflação deve seguir dura pelos próximos meses.
Em fevereiro, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que a inflação deve seguir fora da meta pelos próximos meses e que as famílias e empresas devem passar por momento “desconfortável”. Aliás, apontou que os preços só devem ser controlados posteriormente a desaceleração da atividade econômica.
Atividade econômica
Em suas últimas reuniões, o Copom tem assinalado para a economia expandindo acima de sua capacidade sustentável uma vez que uma das principais preocupações sobre a inflação.
Em 2024, o Resultado Interno Bruto (PIB) brasiliano acelerou e fechou o ano com crescimento de 3,4%. O que economistas apontam, porém, é para um efeito forçado pelos gastos do governo.
Apesar de uma desaceleração inicial ter sido notada da passagem do terceiro para o quarto trimestre do ano pretérito, o mercado não vê margem para um verosímil incisão de juros, que ficaria dependente da relação entre o cenário fiscal e o inflacionário.
“Em relação a cortes futuros, nosso cenário de inflação permanecendo supra da meta por mais tempo provavelmente não permitirá que o BCB incisão leste ano, embora esperemos uma atividade econômica mais fraca. Se o cenário fiscal não se gastar ainda mais, pode possuir cortes nas taxas no início de 2026”, pontuou o UBS.
O banco aponta para a possibilidade, neste e no próximo ano, de um cenário de estagflação – quando retração da atividade econômica e subida dos preços se combinam.
Com isso, o Deutsche Bank vê um cenário semelhante ao enfrentado pelo país durante a recessão de 2015 e 2016, e reforça temores de as contas públicas neutralizarem os efeitos da política monetária.
O banco germânico destacou, sobretudo, uma vez que pressões adicionais à inflação medidas de incitação ao crédito – uma vez que o consignado privado – e a vindoura reforma do Imposto de Renda (IR), para isentar quem recebe até R$ 5 mil.
“A inflação mostrou sinais claros de dominância fiscal, o que sugere que ela pode permanecer próxima desses níveis ou mais altos até as eleições de 2026. […] Vemos riscos inclinados para mais aperto do que o precificado. […] A inflação se tornou mais inercial e fiscal por natureza, e pode permanecer elevada ou subir ainda mais, uma vez que em 2014-16”, indicou.
De maio em diante
Para a reunião de maio, as expectativas se dividem quanto ao ritmo que o Copom deve subir os juros. Mas, segundo as expectativas apuradas pelo BC no boletim Focus, a Selic deve subir 0,5 ponto na terceira reunião do ano e 0,25 na quarta, estacionando em 15% até o início de 2026.
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